Descubra como Navy SEALs, Google e a cultura contemporânea exploram psicologia, neurobiologia, farmacologia e tecnologia para filtrar talentos, acelerar performance, estimular inovação e até manipular comportamentos.
As organizações de elite e a cultura contemporânea filtram, utilizam e, em alguns casos, cooptam o êxtase (estados alterados de consciência) de maneiras estratégicas para acelerar o desempenho, promover a inovação e influenciar o comportamento, recorrendo a avanços em quatro áreas: psicologia, neurobiologia, farmacologia e tecnologia (as “Quatro Forças do Êxtase”).
Filtragem e Utilização pelas Organizações de Elite
Organizações de alto desempenho, como os SEALs da Marinha dos EUA e o Google, reconheceram que os estados alterados são cruciais para o sucesso da missão ou para o desempenho de elite.
- Filtragem de Talento
As organizações de elite inicialmente recorreram a métodos de filtragem (ou triagem) caros e brutais para encontrar indivíduos capazes de acessar o êxtase.
- Navy SEALs (DEVGRU): O processo de seleção dos SEALs (incluindo a infame Hell Week) é um sistema de filtragem rigoroso projetado para eliminar 80% dos candidatos. A função única desse sistema é garantir que um operador, quando encurralado, se funda com a equipe, em vez de se retrair para dentro de si mesmo. Essa capacidade de “mudar a consciência e se fundir com a equipe” (êxtase/fluxo de grupo) é considerada a “única maneira de fazer o trabalho” em situações de alto risco. Eles precisavam de um filtro porque o êxtase era “indescritível como o inferno” e não podia ser treinado por design.
- Google: Em 2001, o Google procurou um filtro melhor para o êxtase ao contratar seu CEO. Larry Page e Sergey Brin usaram a participação no festival Burning Man como um critério crucial, pois buscavam um líder que pudesse “deixar o ego de lado” e entender o que o Google estava tentando realizar. O festival funcionou como um filtro de talento, revelando se Eric Schmidt conseguiria lidar com um “ambiente selvagem” e se fundir com a equipe (o “êxtase vocacional comunitário”).
- Utilização e Treinamento Deliberado
Com o avanço da ciência, as organizações passaram a buscar o êxtase com precisão para treinar as habilidades de elite, em vez de apenas filtrá-las.
- Treinamento Militar (SEALs): O Mind Gym (Ginásio da Mente) dos SEALs, que custou milhões para ser construído, é uma instalação de ponta para treinar o êxtase. Eles usam tanques de privação sensorial (flutuação) equipados com neurofeedback e coerência cardíaca para eliminar distrações e acelerar o aprendizado (reduzindo o tempo para aprender uma língua estrangeira de seis meses para seis semanas).
- Treinamento Corporativo (Google): O Google investiu em um centro de atenção plena multimilionário (“G Pause”). Eles usam dispositivos de neurofeedback e suítes de meditação para ajudar os engenheiros a entrar e permanecer no estado de fluxo por mais tempo, um investimento essencial em um mercado competitivo. O Google também busca manter o fluxo dos funcionários minimizando as interrupções na cultura de trabalho.
- Inovação e Liderança: Organizações como a Summit Series e a MaiTai Global usam o êxtase compartilhado (comunitas) para acelerar negócios, criatividade e laços sociais. A Summit descobriu que “estados alterados aceleram os negócios”. A MaiTai Global usa esportes de ação de alto fluxo (kitesurf) como um filtro para o sucesso de startups, valorizando a coragem e a presença de espírito exigidas pelo esporte.
Cooptação pela Cultura Contemporânea e o Risco de Uso Indevido
A cultura contemporânea não apenas adota as técnicas extáticas no mainstream, mas o poder do êxtase também é um alvo de cooptação por instituições que buscam controle (militarização) ou influência comercial (comercialização).
- Comercialização (Cooptação pela Persuasão)
O desejo irreprimível por estados alterados é um “quarto impulso evolutivo”. O mercado busca cooptar esse desejo, controlando pela persuasão e prazer, em vez de pela coerção.
- Neuromarketing e ‘Buyology’: Grandes marcas investiram em neuromarketing (usando fMRI e EEG) para decodificar a neurociência do comportamento de compra e descobrir formas mais eficazes de vender seus produtos (buyology).
- Economia da Transformação: A economia evoluiu para a “economia da transformação”, onde o cliente é o produto, e o que está sendo vendido é o que o cliente pode se tornar (transformação imaginária). Campanhas publicitárias, como a do Jeep, criam um “estado de pico de excitação” que dispara a máquina de prazer do cérebro. Sob essas condições ampliadas, os mecanismos de controle de impulso ficam offline (hipofrontalidade), tornando os participantes mais suscetíveis à compra.
- Biofeedback e Persuasão: Pesquisas financiadas pela DARPA demonstraram que o biofeedback pode ser usado para aumentar a eficácia de argumentos de venda e persuadir o público, lendo e ajustando a neurobiologia para alimentar a indignação, inspirar esperança ou desencadear a communitas (união coletiva).
- Realidade Virtual (RV): A RV é vista como um potencial “estado de vigilância total” no qual os usuários podem entrar voluntariamente. A tecnologia pode rastrear o olhar, o tom de voz e, com a integração de biometria, até mesmo a neuroquímica e as ondas cerebrais, usando esses dados para “persuadir de forma subliminar” e vender. Isso ilustra o medo de que nosso desejo nos arruíne, como na distopia de Admirável Mundo Novo.
- Militarização (Cooptação pela Coerção)
Os estados alterados de consciência têm sido historicamente um alvo militar e de inteligência para fins de coerção e controle.
- Controle da Mente: O projeto MK-ULTRA da CIA (Guerra Fria) buscou aperfeiçoar o “assassinato mental” (menticídio) ou a “lavagem cerebral” usando drogas como o LSD.
- Apropriação Tecnológica: O Pentágono buscou a tecnologia de estimulação cerebral de John Lilly, que demonstrou a capacidade de mudar as crenças de um ser humano rapidamente. Lilly optou pelo êxtase de código aberto para se proteger contra o sequestro de sua pesquisa.
- Guerra Psicológica (PSYOPS): O desejo por êxtase pode ser distorcido para fins sombrios. O Pentágono utilizou “sons desagradáveis e discordantes” para desorientar combatentes inimigos, uma tática que surgiu de um manual que buscava o idealismo do potencial humano.
- Vigilância Governamental: O FBI e outras agências federais conduziram programas de inteligência de vários anos no festival Burning Man. Embora o motivo oficial fosse o terrorismo doméstico, a vigilância intensa (que incluía o uso de milhões de dólares em equipamentos de espionagem) sugere que a comunidade de inteligência sabe que “algo grande” está acontecendo no deserto, além do óbvio, e está tentando controlar o “Interruptor Mestre” da liberdade cognitiva.
Em última análise, o desafio central do êxtase é garantir que técnicas poderosas para alterar a consciência não sejam usadas pelos motivos errados, sendo o êxtase de código aberto —a distribuição livre de técnicas e informações— um dos melhores contrapesos para a coerção pública e privada.
#Êxtase #Neurociência #Inovação #Performance #Psicologia #Tecnologia #Neurobiologia #Mindset #AltaPerformance #ControleMental #EstadosAlterados #FlowState #CulturaContemporânea #Google #NavySEALs #BurningMan
Fonte: www.sempretexto.com.br


